quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

O Alienista: Saber é Poder

Alguns trabalhos acadêmicos que escrevi com meu ilustríssimo parceiro das letras, Sr. Éverton de Lima Silva, não podem se desmacharem no ar. Por isso, os escritos de "Batman e Robin", ou "Octavio Ianni e Henrique Cardoso" - como nos chamávamos - estarão volta e meia presentes aqui! Comecemos então por um dos tantos trabalhos que me orgulho de ter contribuído num exercício sociológico muito legal.


O ALIENISTA: SABER É PODER

O que pode ocorrer numa sociedade onde a ciência tem carta branca para atuar como bem entender? Tem a ciência consigo a verdade? Quais os seus limites? É a ciência sinônimo de uma sociedade mais autônoma? Se Foucault fosse analisar a obra de Machado de Assis “O Alienista”, certamente faria uso da relação entre saber e poder. Isso porque podemos encaixar Simão Bacamarte (o alienista) nessa relação “saber-poder”, afinal por ser o único detentor do saber psiquiátrico em Itaguaí, também passou a ser o único detentor do poder: no sentido de que à medida que estudava sobre a mente humana e seus mistérios, descobria novas formas de categorizar a loucura, de tal modo que, ao encontrar alguém que se encaixasse numa dessas categorias, prendia imediatamente na Casa Verde, deixando clara a relação existente entre saber e poder. Qual a razão de toda essa celeuma ocorrida em Itaguaí? Essa e outras indagações serão respondidas por meio de uma perspectiva foucaultiana do conto em questão.

O Alienista: Um breve Resumo da Obra

O conto tem como protagonista o Dr. Simão Bacamarte, filho da nobreza e médico conceituado no Brasil, na Espanha e em Portugal, que regressa da corte para sua cidade natal, Itaguaí. Casa-se com D. Evarista, uma jovem viúva, que não era bonita, mas que reunia em si boas condições anatômicas e fisiológicas para gerar filhos saudáveis. Triste decepção, a esposa de Bacamarte não pôde lhe dar filhos, fato que o levou buscar sarar suas mágoas mergulhando por completo no estudo e na prática da medicina, decidindo, então, estudar os fascínios e mistérios da mente humana, desse modo, torna-se um psiquiatra e começa a estudar a loucura e as formas de classificá-la, conforme seu conhecimento adquirido em sua estadia na Europa. Urge então a necessidade de se construir um asilo para abrigar e estudar os alienados.
Ao chegar a Itaguaí consegue permissão e verba da Câmara de Vereadores para abrir uma casa de loucos, a futuramente temida “Cada de Orates” ou “Casa Verde” (um hospício que serviria para aglutinar suas cobaias de estudo, afinal, a cada descoberta Bacamarte internava uma pessoa da cidade e tentava – através de sua dedicação aos estudos – curá-la).

Convence a todos que o hospício é importante, e, por sua conta e risco, pouco a pouco vai internando todos da cidade (seja por possuir sintomas de modéstia, de vaidade, de insegurança, de fúria, de mansidão, enfim, o que ele julgava loucura).
A princípio todos da cidade concordaram com as ações do alienista, que internou os que realmente eram doentes e viviam na casa dos familiares. Contudo, com o tempo, o que parecia um avanço, um progresso da ciência psiquiátrica itaguaiense, tornou-se passo a passo um terror: o alienista passou a internar cidadãos que aos olhos da sociedade não eram tidos por loucos, como o Costa, o Albardeiro Mateus... Até D. Evarista (digníssima esposa do alienista) e Crispim Soares (seu melhor amigo, o Boticário) não escaparam de ser considerados como loucos.
Essa situação fez com que a população tirasse os louros postos sobre o alienista – considerado agora como “novo Hipócrates” – para pôr-lhe o de “déspota” da “Bastilha da razão humana”. Tal indignação com as arbitrariedades do alienista, gerou um motim popular, uma rebelião liderada pelo barbeiro Porfírio (a rebelião dos Canjicas, que destituiu a Câmara da cidade). Nesse evento Porfírio se tornou chefe da cidade e se auto-cognominou de “Protetor da Vila”, deixando claro que estava a favor de sua Majestade e do povo.
Entretanto, o mais esperado não aconteceu: não se derrubou a Casa Verde, tão pouco se prendeu o alienista. O que ocorreu foram cinqüenta aclamadores do barbeiro presos no hospício além de tempos mais tarde Porfírio compreender a importância da Casa Verde e apoiar o alienista (e mesmo assim foi preso no hospício).
Depois desse ocorrido, o alienista continuou sua incansável busca por mentecaptos em Itaguaí: o menor desvio já era causa de ser levado a Casa Verde. Realmente era o terror. Mas para surpresa de Itaguaí, Dr. Bacamarte soltou todos os loucos. Isso não se deu por um ato de bondade ou simplesmente por atender as súplicas da população, mas porque o alienista criou uma nova teoria que supunha que a patologia cerebral a ser corrigida estaria naqueles que não apresentassem nenhum desvio de conduta. Curados estes, tratou Simão Bacamarte de soltá-los, mas ainda insatisfeito por não ter descoberto nada de novo, afinal todos os recém saídos do hospício já tinham em si próprios, de forma latente, os vícios que ele considerava insanidades.
Então, qual era a verdadeira patologia cerebral? Um pensamento súbito lhe surgiu: seria ele próprio o melhor exemplo? Consultou então os amigos para saber se existia nele algum desvio de conduta. As respostas foram sempre não. Por fim, concordou que não tinha nenhum defeito, nenhum vício e sendo assim, se considerou o mentecapto que tanto procurou. Ato contínuo, o alienista se asilou na Casa Verde para se estudar e dali a dezessete meses expirar como louco (aquele que outrora pensara que vira em todos o verdadeiro sinal de patologia cerebral).

O conto imita a vida

“O Alienista” apesar de ser um conto (e, diga-se de passagem, de muito bom humor), torna possível um paralelo com a realidade, no que diz respeito às relações de poder. A princípio podemos entender quatro coisas nesse conto:
1º O saber sobre os loucos, ou discurso hegemônico sobre eles é substituído pelo discurso científico;
2º O discurso é institucionalizado e aceito como verdade;
3º O novo regime de verdade, de inovação científica, passa a ser um terror para os cidadãos, e mesmo questionado é irrefreável;
4º O alienista-paciente. A auto-crítica científica.

Há um combate “pela verdade” ou, ao menos, “em torno da verdade” – entendendo-se, mais uma vez, que por verdade não quero dizer “o conjunto das coisas verdadeiras a descobrir ou a fazer aceitar”, mas o “conjunto das regras segundo as quais se distingue o verdadeiro do falso e se atribui ao verdadeiro efeitos específicos de poder”; entendendo-se também que não se trata de um combate “em favor” da verdade, mas em torno do estatuto da verdade e do papel econômico-político que ela desempenha. É preciso pensar os problemas políticos dos intelectuais não em termos de “ciência/ideologia”, mas em termos de “verdade/poder”. (FOUCAULT, 1979, p.13)

A substituição do discurso

Para Weber o mundo ocidental está passando por um processo de substituição da tradição para a racionalização, no sentido de que a sociedade deixa de ser ordenada por princípios que partem da tradição e passa a se orientar por princípios racionais baseados na relação meios-fins, que é o que Weber chamou de “desencantamento do mundo”, aonde o indivíduo não mais se rege pelo encanto da tradição, mas se transforma num sujeito racional, ascético e esclarecido. Nesse sentido, “Em primeiro lugar, o mais diretamente acessível a um estudo científico é a questão da conveniência dos meios face aos fins dados”. (WEBER, 1974, p.14)
Já para Foucault:

Mas o importante em tais mudanças não é se serão rápidas ou de grande amplitude, ou melhor, esta rapidez e essa amplitude são apenas o sinal de outras coisas: uma modificação nas regras de formação dos enunciados que são aceitos como cientificamente verdadeiros. (FOUCAULT, 1974, p.4)

Simão Bacamarte trouxe para Itaguaí um novo regime no discurso e no saber, ao introduzir a idéia de uma casa que comportaria todos os loucos da cidade, já que o pensamento predominante em Itaguaí, até então, era que cada louco permaneceria com sua família e os mais calmos poderiam, inclusive, andar pela cidade.

(...) Antes do século XVIII, a loucura não era sistematicamente internada, e era essencialmente considerada como uma forma de erro ou de ilusão. Ainda no começo da idade clássica, a loucura era vista como pertencendo às quimeras do mundo; podia viver no meio delas e só seria separada no caso de tomar formas extremas ou perigosas. Nestas condições compreende-se a impossibilidade do espaço artificial do hospital em ser um lugar privilegiado, onde a loucura podia e devia explodir na sua verdade. (FOUCAULT, 1979, p.120)

Com a Casa Verde, a população de Itaguaí viu, além de um prédio esplendoroso, um local apropriado de repouso e tratamento para seus loucos, que antes estavam pré-destinados a loucura, e agora poderiam ter uma “saída” da sua situação de insanidade.
Como afirmou Foucault, toda sociedade possui seu “regime de verdade”, mas é fato que, a verdade não existe, assim, possibilitando uma eventual descontinuidade com possíveis descobertas, o que nesse caso, introduz esse “novo regime de verdade”. Foi exatamente o que ocorreu em Itaguaí com a vinda do Dr. Bacamarte e a criação da Casa Verde, pois o discurso científico da Psiquiatria tomou o lugar do que era tido como correto sobre o tratamento dos loucos nessa sociedade, e sendo assim, passou a ser a nova verdade aceita pelos homens.

A institucionalização do discurso e a aceitação como verdade

Para Foucault, a verdade é “vontade de poder”, é querer, é convencimento, é o que os homens aceitam como acordo, afinal, a modernidade matou a verdade, a tornou normatizada, e sendo assim, a ciência nada mais é se não um discurso normatizante. Podemos entender então que todo discurso científico se constitui a partir de regras que tem que ser obedecidas.
Com a criação da Casa Verde, Bacamarte introduziu ao seu discurso uma institucionalização, uma normatização do seu saber, trazendo com isso, meios de aceitação e legitimação da verdade científica sobre os loucos e as melhores formas de curar tal patologia – que no caso seria através das internações.

A prática do internamento no começo do século XIX, coincidiu com o momento em que a loucura é percebida menos com relação ao erro do que com relação à conduta regular e normal. Momento em que aparece não mais como julgamento perturbado mas como desordem na maneira de agir, de querer, de sentir paixões, de tomar decisões e de ser livre. (FOUCAULT, 1979, p.121)

Acreditamos que Foucault vai além: saber não pressupõe poder. Saber é poder. A verdade, na realidade, oculta dispositivos de poder. Existe verdade? Não, o que existe é poder. O poder constitui o sujeito. Constitui a verdade.
Desse modo, Itaguaí ficou a mercê das “verdades” de Bacamarte, que se apoderando delas, “impôs” a população um poder legitimado pela ciência, assim sendo, mesmo que contestado, suas ações não eram paralisadas.
Foucault analisa a questão da produção do conhecimento, através do que chama de “genealogia do poder”, de tal modo que tenta ratificar que a verdade possui um contexto histórico e, sendo assim, não é algo transcendental. Ele não analisa o saber na direção das idéias, mas das táticas, das lutas, dos comportamentos e das decisões. Assim, observa a estratégia do discurso de uns em relação aos outros, e os caminhos empregados para se chegar a uma verdade.
As internações na Casa Verde foram aceitas por um êxito dessa “vontade de poder”, afinal a cada descoberta, o alienista convencia a população da veracidade das categorias, legitimando cientificamente cada entrada de um novo interno, assim, a população por sua vez (mesmo que em certos casos desconfiasse) acabava por não refrear essas “verdades”.

O efeito de legitimação do asilo, por sua vez, está ancorado e organizado pelo saber psiquiátrico ― entendido aqui, especificamente, como uma estratégia de poder. O saber psiquiátrico produz uma ação normativa que tem como função social legitimar a reclusão de determinados indivíduos cujas manifestações não podem ser toleradas. (PERRUSI, 2004, p.139)

As reflexões de Foucault surgem de uma noção política, onde os seus maiores objetos de estudo são o poder e o saber. O poder para ele é uma relação estratégica que perpassa todos os indivíduos, é guerra, é força e essa força nem sempre é negativa, existindo assim, a força positiva. Essa noção de que o “poder perpassa todos os indivíduos” retira a visão localista do poder, como por exemplo, a idéia de que o Estado era o detentor único do poder. Essa é uma visão pancrática, pois o poder é a essência que constrói a sociedade e como afirmou Nietzsche: “Tudo é poder”.
Foucault reconstitui o micro, onde observa os micropoderes (dispositivos de poder, onde poder é saber e saber é poder). O poder pode ser positivo porque pode produzir realidade, ele não é apenas força, violência, o poder também produz corpos, indivíduos, é o que Foucault chama de Biopoder. É bom deixar claro que o poder só é obedecido por alguém que está livre porque do contrário seria violência, isto é, o uso da força.

O que faz com que o poder se mantenha e que seja aceito é simplesmente que ele não pesa só como uma força que diz não, mas que de fato ele permeia, produz coisas, induz ao prazer, forma saber, produz discurso. Deve-se considerá-lo como uma rede produtiva que atravessa todo o corpo social muito mais do que uma instância negativa que tem por função reprimir. (FOUCAULT, 1979, p.8)

Desse ponto de vista Itaguaí passou a ser uma tecnocracia dirigida a partir da Casa Verde? Tem-se aí um belo exemplo de Positivismo? Ou estaria Itaguaí vivendo uma experiência concreta de tudo aquilo que foi sonhada pelos iluministas (um mundo dominado pela razão, pela ciência)?


Casa Verde: O terror de Itaguaí

“O terror acentuou-se. Não se sabia já quem estava são, nem quem estava doido. (...)” (ASSIS, 1996, p.44)
Como já falamos acima a verdade não existe; o que existe são relações de poder as quais são capazes de fundar o conhecimento. Em outras palavras, a verdade não existe fora do poder ou sem poder; ela é produzida como efeito de poder. Foucault está preocupado com a dominação discursiva e não com a dominação de classe (capitalismo), o que o diferencia de Marx. É através da naturalização que o discurso pode se tornar um discurso dominante. Da mesma forma, cada sociedade tem seu regime de verdade, isto é, os tipos de discursos que ela acolhe e faz funcionar como verdadeiros.

O importante, creio, é que a verdade não existe fora do poder ou sem poder (não é - não obstante um mito, de que seria necessário esclarecer a história e as funções - a recompensa dos espíritos livres, o filho das longas solidões, o privilégio daqueles que souberam se libertar). A verdade é deste mundo; ela é produzida nele graças a múltiplas coerções e nele produz efeitos regulamentos de poder. Cada sociedade tem seu regime de verdade, sua “política geral” de verdade: isto é, tipos de discurso que ela acolhe e faz funcionar como verdadeiros; os mecanismos e as instâncias que permitem distinguir os enunciados verdadeiros dos falsos, a maneira como se sanciona uns e outros; as técnicas e os procedimentos que são valorizados para a obtenção da verdade; o estatuto daqueles que têm o encargo de dizer o que funciona como verdadeiro. (FOUCAULT, 1979, p.12)

Foucault fala de um regime no discurso e no saber (novas descobertas; transformações que não seguem esquemas suaves e continuistas de desenvolvimento; são transformações que mudam bruscamente e dessa forma desconstrói verdades) ou regime discursivo (dos efeitos de poder próprios do jogo enunciativo). Para ele vivemos e sempre vamos viver na descontinuidade, pois essa desconstrução de verdades muda as regras de formação dos enunciados que são aceitos como cientificamente verdadeiros. A questão é se esse novo discurso que vai predominar será benéfico, pois vê-se que nem todo enunciado aceito como verdade supõe autonomia de um sujeito ou de uma sociedade. Talvez seja essa a idéia que Machado de Assis queria transmitir através de seu conto. Note-se que é possível encontrar uma crítica sua ao Positivismo por meio da fala do alienista: “Meus senhores, a ciência é coisa séria (...) Não dou razão dos meus atos de alienista a ninguém (...) Não farei a leigos nem a rebeldes.” (ASSIS, 1996, p.53)
Se a ciência pressupõe uma "política geral de verdade", significa que, primeiro, ela pressupõe poder. Todo esforço de Foucault é relacionar saber com poder, desconstruindo uma visão idílica de ciência, sem conexões com a política, o Estado, os interesses dos atores sociais, etc.
As Ciências Humanas aparecem então como dominação e não como esclarecimento, ela busca o saber e assim é uma forma de assujeitamento do indivíduo que sai de um discurso e cai noutro, pois para Foucault, não é possível construir um saber libertador, esclarecedor (como pensou Marx), o máximo que pode acontecer é se sair de um poder e cair em outro, pois tudo é poder.
Assim sendo, o novo progresso científico em Itaguaí não veio a colaborar com uma sociedade mais autônoma e esclarecida, pelo contrário, a ciência serviu de intrumento de racionalização  e classificação dos indivíduos na medida em que dita quem é ou não louco. Pode-se então afirmar que a ciência produz os loucos. E mais: podemos dizer que aquilo que para Weber era tido como processo de racionalização e progresso, para Foucault era tido como uma forma mais eficiente de controle do indivíduo.
“A ‘verdade’ está circularmente ligada a sistemas de poder, que a produzem e apóiam, e a efeitos de poder que ela induz e que a reproduzem. ‘Regime’ de verdade.” (FOUCAULT, 1974, p.14).
A importância do pensamento de Foucault reside na desconstrução da idéia de verdade unívoca ao apontar a verdade como uma produção histórica e social, indicando a multiplicidade e heterogeneidade presentes nos diferentes objetos. Com isso, nega-se a possibilidade de apreendê-los de forma objetiva e neutra, e coloca-se em xeque qualquer conhecimento que se diz baseado em uma verdade, seja ela revelada ou apreendida da “realidade”, compreendendo então que Saber é Poder.


O Alienista-paciente. A auto-crítica científica

“—Nada tenho que ver com a ciência; mas, se tantos homens em quem supomos são reclusos por dementes, quem nos afirma que o alienado não é o alienista?” (ASSIS, 1996, p.49)
Aqui chegamos a um ponto crítico do conto e do artigo.
A ciência é sim um conhecimento ou uma forma de ver o mundo baseado na empiria, mas também pode servir de controle social. Isso não quer dizer que por estar baseada na empiria seja detentora da verdade, nem por outro lado, que sempre vá servir como instrumento de dominação. Mas em que condições a ciência deve atuar? Já vimos a partir do conto que a autonomia total, e a carta branca para a ciência fazer o que bem entender pode produzir efeitos negativos (e aí entendemos a produção de bombas atômicas, os horrores ocorridos nos campos de concentração durante a Segunda Guerra Mundial, etc.); por outro lado, uma total sujeição da ciência representaria algo incompatível com uma sociedade dita democrática e com todos os valores que entendemos como consensuais.
Dadas essas questões parece-nos razoável estabelecer certos limites à ciência que partem de uma compreensão de que ela não é detentora da verdade e de que volta e meia precisa ser alvo de críticas e questionamentos por parte da própria sociedade (isto é, internar o alienista), e porque não dizer de si mesma (o auto-internamento do alienista).
Para a Teoria Crítica (corrente de pensamento surgida na Escola de Frankfurt, no Pós-Primeira Guerra), a ciência se desenvolve com a crítica, e essa crítica só é possível como crítica social, para Habermas. Já Adorno acredita que o progresso da ciência tem como preço a perda da capacidade crítica. A Teoria Crítica surge como alternativa ao Positivismo (por ser uma crítica ao Positivismo) e sua critica a sua separação entre fato e valor.  É uma teoria emancipadora, no sentido de afirmar a necessidade de se construir uma teoria que reivindique a emancipação humana como seu valor essencial.
Nesse ponto de vista, pode-se dizer que uma compreensão de Foucault cairia adequadamente, afinal ao falar de Charcot e Pasteur, ele nos lembra que a ciência, em muitos casos, pode sim produzir as patologias que tanto descreve:

Hipótese: a crise foi inaugurada e a idade ainda mal esboçada da anti-psiquiatria começa quando se desconfiou, para em seguida se ter certeza, que Charcot produzia efetivamente a crise de histeria que descrevia. Tem-se aí mais ou menos o equivalente à descoberta feita por Pasteur de que o médico transmitia as doenças que devia curar. (FOUCAULT, 1979, p.123)




Referências bibliográficas

ASSIS, Machado de. O Alienista e o Espelho. RJ: Ediouro ,1996. pp.7-94

FOUCAULT, Michel. A Casa dos Loucos. In: FOUCAULT, Michel.  Microfísica do Poder. Tradução de Roberto Machado (Org.). 23ª Edição. Rio de Janeiro: Graal, 1979. pp. 113-128

___________________. Nietzsche, a Genealogia e a História. In: FOUCAULT, Michel.  Microfísica do Poder. Tradução de Roberto Machado (Org.). 23ª Edição. Rio de Janeiro: Graal, 1979. pp. 15-37

 ___________________. Verdade e Poder.  In: FOUCAULT, Michel.  Microfísica do Poder. Tradução de Roberto Machado (Org.). 23ª Edição. Rio de Janeiro: Graal, 1979. pp.1-14

PERRUSI, Artur. Tiranias da Identidade: profissão e crise identitária entre psiquiatras. 2004. 315f. Tese de Doutorado – Programa de Pós-Graduação em Sociologia, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2004.

WEBER, Max. Sobre a Teria das Ciências Sociais. Tradução de Carlos Grifo Babo. Lisboa: Presença, 1974. 196p.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

MENINO NEGRO, MUNDO BRANCO


A série americana “Everybody Hates Chris” (Todo Mundo Odeia o Chris, na versão do Brasil) relata de forma humorística alguns fatos da adolescência do ator comediante Chris Rock entre os anos de 1982 a 1987. Essa série possui quatro temporadas nas quais Chris sofre vários tipos de preconceitos como, por exemplo, ter que pegar o ônibus que “rodava nos bairros de brancos” e ser desprezado ao ponto de ninguém querer sentar ao seu lado, mas nada que se compare ao período da sua vida acadêmica onde era estereotipado por ser o único garoto negro estudando num colégio de meninos brancos.
Essa série permite fazer um bom exercício de reflexão com relação ao texto “Pele negra, máscaras brancas” de Frantz Fanon (2008), pois traz questões abordadas pelo autor em seu livro a exemplo da questão da linguagem como forma de assimilação de uma cultura, mas que não necessariamente implica em reconhecimento, podendo resultar numa ilegitimidade, uma vez que os negros ao negarem suas gírias e adotarem a linguagem do branco, fazem deste último o seu espelho. Vale salientar que no bairro onde Chris morava, Bed-Stuy (distrito do Brooklin), existiam colégios repletos de meninos negros, mas sua mãe (Rochelle) acreditava que esses colégios só ensinavam os garotos a serem marginais, enquanto a educação dos brancos visava futuros produtivos e a entrada em boas universidades. Isso nos remete a pensar no que Fanon chama de “guerra maciça contra a negritude” (p.15), uma vez que Rochelle tenta educar seus filhos com base na educação dos brancos, tanto é que em um episódio ela tenta a todo custo ingressar seus filhos no João e Maria – um clube específico para os filhos inteligentes e educados dos brancos.
Outro ponto que é tratado nessa obra de Fanon e que podemos ver em “Todo Mundo Odeia o Chris” é a questão do narcisismo onde ele mostra, por exemplo, que muitos brancos “(...) preferem uma imagem de si mesmos como não racistas, embora na prática ajam freqüentemente de forma contrária (p.15)”.
Notamos essa falsa imagem do branco como não racista na personagem da professora Morello que é favorável à comunidade negra, ao mesmo tempo, que se mostra como extremamente preconceituosa relacionando Chris com diferentes esteriótipos referentes aos negros. Senhorita Morello  se esforça para ser politicamente correta, porém sempre acaba reforçando esteriótipos raciais, quando em tese como educadora deveria minimizar o racismo sofrido pelo garoto negro sem renegar a condição racial do mesmo. No entando ela acaba reforçando através de termos como “o povo do Chris” que ele é afro-americano e não pertence ao mundo do ítalo-americano, uma vez que possui uma tribo própria que o diferencia como pertencente a outra tribo etno-social e genomica norte-americana.
Algo como: você está aqui, mas lembre-se que veio de outro mundo e ainda pertence a este outro mundo, visto que a tentação em querer ser assimilado pelo mundo novo e aparentemente "melhor" que o seu é bastante tentadora, mas ao mesmo tempo destruídora de ambas as identidades originais e portanto diminuidora da real diversidade, pois anula duas para gerar apenas uma. (Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre)
É precisamente o que Fanon fala sobre a existência de dois campos: um branco e um negro onde percebe-se que nesses campos o negro tem um modo de se comportar com o branco e outro modo quando está com outro negro, desse modo poderíamos compreender essa noção como sendo consequência do colonialismo, assim como o fato de adotar a linguagem diferente da sua coletividade nativa representa uma clivagem.
E por fim gostaria de trazer a crítica que Fanon faz ao branco que trata o negro independente de sua idade como uma criança que não consegue compreender os termos usados pelos brancos em suas falas usando assim o “petit-nègre” para tentar se comunicar com o negro de forma compreensível, remetendo-o ao seu mundo inferior, mesmo que na maioria das vezes essa não seja a intenção. Em guisa de conclusão percebemos tanto em Fanon quanto na série em questão que o negro para não se sentir inferior veste uma máscara de embranquecimento na tentativa cada vez maior de se igualar ao branco: o ápice do ser civilizado.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Dica de filme - O menino do pijama listrado

Todos nós já ouvimos falar do Nazismo, do Holocausto, de Hitler... Entretanto, não paramos para refletir o que realmente aconteceu nesse horroroso período que se estendeu de 1933 a 1945. Imaginemos o que era ser um judeu alemão vivendo num país onde "todos" queriam te executar? Ver seus amigos, seus filhos, sua mulher, seu esposo, seus pais, todos que você conhecia e amava sumindo, sendo assassinados - muitas vezes na sua frente - e você sem poder fazer nada? Imaginemos sermos retirados a força de nossos lares, separados dos que amamos, tendo o cabelo raspado, tratados como inferiores até dos animais, confinados pelados com gente que nunca havíamos visto na vida, e vivendo fugindo, quando capturados, a base de tortura, à pão e água - quando era dado - e sempre com a presença do medo da morte?
Tempos sombrios esses...
Como pôde o homem exterminar a sua própria espécie? Thomas Hobbes estava certo ao afirmar na obra "O Leviatã" que "o homem é o lobo do próprio homem". Nós nos caçamos, nos matamos e das formas mais cruéis possíveis.

Esse filme traz a visão inocente das crianças que presenciaram esse terrível momento:
Bruno tem nove anos e não sabe nada sobre o Holocausto e a Solução Final contra os judeus. Também não faz ideia de que seu país está em guerra com boa parte da Europa, e muito menos de que sua família está envolvida no conflito. Na verdade, Bruno sabe apenas que foi obrigado a abandonar a espaçosa casa em que vivia em Berlim e mudar-se para uma região desolada, onde ele não tem ninguém para brincar nem nada para fazer. Da janela do quarto, Bruno pode vê uma cerca, e, para além dela, centenas de pessoas de pijama, que sempre o deixam com um frio na barriga. Em uma de suas andanças Bruno conhece Shmuel, um garoto do outro lado da cerca que curiosamente nasceu no mesmo dia que ele. Conforme a amizade dos dois se intensifica, Bruno vai aos poucos tentando elucidar o mistério que ronda as atividades de seu pai. 'O menino do pijama listrado' é uma fábula sobre amizade em tempos de guerra e sobre o que acontece quando a inocência é colocada diante de um monstro terrível e inimaginável.
Vale a pena assistirmos. É um filme emocionante, mas que não deixa de ser ficção. A realidade, eu creio, foi bem pior, dolorosa, sobria e repudiante.
Apesar de grandes esforços nunca vou conseguir  pensar o que esses milhões de judeus, homossexuais, negros, entre outros, passaram na verdade. Sempre será uma simples aproximação desse tempo ruim.

ALGUMAS IMAGENS DESSE PERÍODO COMANDADO POR ADOLF HITLER (maior adepto das teorias racistas)












terça-feira, 25 de outubro de 2011

Claude Lévi-Strauss: um século de vida e uma vida de reflexão

"Meu único desejo é um pouco mais de respeito para o mundo, que começou sem o ser humano e vai terminar sem ele - isso é algo que sempre deveríamos ter presente". Claude Lévi-Strauss

Claude Lévi-Strauss, ou simplesmente Lévi-Strauss ficou conhecidíssimo por introduzir e divulgar a Teoria do Estruturalismo, método usado por ele para estudar a organização social das tribos indígenas americanas que ele se dedicou a estudar.Pertencente a uma família judia francesa, Lévi-Strauss foi um dos maiores contrinuidores para o desenvolvimento da Antropologia como ciência detentora de um método.
Esse antopólogo célebre que tirou várias noites de sono da minha vida com seus textos complexos e seus conceitos bem trabalhados que buscavam em todas as sociedades a existência de uma estrutura e que analisava as estruturas dos mitos, pode ser considerado um dos grandes pensadores do século 20.
Escreveu várias obras onde as mais importantes são: De início, cursou leis e filosofia, mas descobriu na etnologia sua verdadeira paixão. No Brasil, lecionou sociologia na recém-fundada Universidade de São Paulo, de 1935 a 1939, e fez várias expedições ao Brasil central. É o registro dessas viagens, publicado no livro "Tristes Trópicos" (1955) que lhe trará a fama. Nessa obra ele conta como sua vocação de antropólogo nasceu durante as viagens ao interior do Brasil.



O estudioso jamais aceitou a visão histórica da civilização ocidental como privilegiada e única. Sempre enfatizou que a mente selvagem é igual à civilizada. Sua crença de que as características humanas são as mesmas em toda parte surgiu nas incontáveis viagens que fez ao Brasil e nas visitas a tribos de índígenas das Américas do Sul e do Norte.


Suas pesquisas, iniciadas a partir de premissas lingüísticas, deram à ciência contemporânea a teoria de como a mente humana trabalha. O indivíduo passa do estado natural ao cultural enquanto usa a linguagem, aprende a cozinhar, produz objetos etc. Nessa passagem, o homem obedece a leis que ele não criou: elas pertencem a um mecanismo do cérebro. Escreveu, em "O Pensamento Selvagem", que a língua é uma razão que tem suas razões - e estas são desconhecidas pelo ser humano.

Membro da Academia de Ciências Francesa (1973), integra também muitas academias científicas, em especial européias e norte-americanas. Também é doutor honoris causa das universidades de Bruxelas, Oxford, Chicago, Stirling, Upsala, Montréal, México, Québec, Zaïre, Visva Bharati, Yale, Harvard, Johns Hopkins e Columbia, entre outras.



Aos 97 anos, em 2005, recebeu o 17o Prêmio Internacional Catalunha, na Espanha. Declarou na ocasião: "Fico emocionado, porque estou na idade em que não se recebem nem se dão prêmios, pois sou muito velho para fazer parte de um corpo de jurados. Meu único desejo é um pouco mais de respeito para o mundo, que começou sem o ser humano e vai terminar sem ele - isso é algo que sempre deveríamos ter presente".




segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Novas famílias: Casamentos homoafetivos

O STF (Supremo Tribunal Federal) liberou a realização dos casamentos homoafetivos onde constitui a legalização da união estável entre homossexuais, realiza a cerimônia do casamento civil e disponibiliza a certidão desse casamento.
Esse feito dá direito aos membros da díade homoafetiva de trocarem o estado civil para casado, modificar o sobrenome colocando o do parceiro e garante direitos como pensão, herança, regulamentação da comunhão de bens e previdência.
Em termos de direito civil  esse reconhecimento do casamento homoafetivo foi bastante importante, uma vez que permite ao casal gay todos os direitos já garantidos aos casais heteros.
O casamento civil pode facilitar ao casal gay a possibilidade de adoção o que abre um leque de discussões dentro da sociedade, pois põe em cheque a construção familiar formada por mãe, pai e filhos.
Entretanto, mesmo sendo cristã/católica, depois de muito refletir sobre a adoção por parte dos casais homossexuais, cheguei à conclusão que é muito mais interessante ter uma das nossas crianças sendo criadas com amor, carinho, tendo direito à educação, cuidados com a saúde, do que estar abandonadas em lares para adoção. Uma vez que casais do mesmo sexo não podem naturalemente conceber filhos, e possuem o desejo de ter uma criança, nasce a esperança de muitos dos nossos pequenos terem um lar, mesmo que nem tanto convencional, mas o que importa é o amor e muitas vezes ele vem de quem a sociedade mais critica.
Como ficam as crianças que forem criadas por casais gays? Vai saber. Depende da criação. Existe tantos caias heterossexuais que maltratam, deixam de lado, não dão uma vida digna com boa educação, carinho e tudo que uma criança merece... Se elas tiverem tudo isso com pais gays, melhor pra elas! Não creio que uma criança se abale tanto ao saber que os pais têm uma orientação sexual diferente da "aceita" socialmente, muito menos vejo isso como incentivo à criança ser gay, os pais sabem muito bem a importância de dar liberdade de escolha aos filhos.

Só não sou favorável a imposição às Igrejas em realizar os casamentos religiosos, pois deve-se deixar livre para a decisão do líder religioso a realização ou não do matrimônio.   

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Dia das Crianças


Há quem diga que das etapas da vida a infância é a melhor. Pode ser porque nessa fase não nos preocupamos com contas, trabalho, relacionamentos amorosos ou com perspectivas da nossa vida num futuro próximo.
A criança desfruta de privilégios que os adultos não possuem: inocência, tempo livre gasto em brincadeiras, sono pesado sem duras reflexões sobre as atividades do dia seguinte e transparência de suas ações, uma vez que a criança fala o que pensa, pergunta o que quer saber e fica emburrada se não gostar de algo, ao passo que nós - adultos - muitas vezes colocamos um véu sobre nossos sentimentos e vivemos de aparências.
Infelizmente, cosntantemente vemos notícias sobre violência infantil, passando por violência física, abandono, negligência dos pais, até a pior delas: o abuso sexual.
Às vezes penso que deveríamos fazer mais por elas. Não apenas colocar em blogs ou comentar com  os amigos a dura realidade dos nossos pequenos, mas agir a respeito. Não precisa ser algo grandioso como ir à África fazer doações e nos dedicarmos a eles como faz Angelina Jolie, mas quem sabe tentar mudar  um pouco a realidade daqueles meninos e meninas carentes que estão ao nosso redor. Um simples ato pode mudar a vida de uma crainça.
Toda criança tem o direito de estudar, brincar, comer bem, ser amada e assim ser feliz. 
Cuidemos de nossos pequenos! Não porque serão o futuro do nosso planeta, mas porque são a alegria do nosso presente.

Uma imagem para nos incentivar a olhar pelos nossos baixinhos:


Feliz dia das Crianças a todos!   

Dia de Nossa Senhora Aparecida

Hoje (12/10/11) é um dia muito importante para muitos brasileiros. Isto porque comemoramos neste dia três datas: Nossa Senhora Aparecida, padroeira oficial do Brasil, o Dia das Crianças e o Descobrimento da América.
O nosso feriado se dá justamente por causa da padroiera do Brasil.

Relatam que em 1717 os pescadores Domingos Martins García, João Alves e Filipe Pedroso estavam no barco a pescar, mas em todas as vezes que lançaram a rede só pescaram decepção. Porém, em meio a pescaria no Rio Itaguaçu, atual rio Paraíba, encontraram a imagem de uma santa que estava sem a cabeça. Ao lançarem novamente a rede encontraram a cabeça da santa completando assim a imagem de Nossa Senhora da Conceição. Depois que encontraram essa imagem as redes começaram a voltar cheias de peixes. Esse foi considerado o milagre número 1 de Nossa Senhora Aparecida (como ficou sendo conhecida, depois que apareceu no rio Itaguaçu). 
Depois Nossa Senhora Aparecida ganhou vários devotos e fiéis, e por esse motivo "em 1834 iniciou-se a construção da igreja que hoje é conhecida como Basílica Velha. Em 06 de novembro de 1888, a princesa Isabel visitou pela segunda vez a basílica e deixou para a santa uma coroa de ouro cravejada de diamantes e rubis, juntamente com o manto azul. Em 8 de setembro de 1904 foi realizada a solene coroação da imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida e, em 1930, o papa Pio XI decreta-a padroeira do Brasil, declaração esta reafirmada, em 1931, pelo presidente Getúlio Vargas. A construção da atual Basílica iniciou-se em 1946, com projeto assinado pelo
Engenheiro Benedito Calixto de Jesus. A inauguração aconteceu em 1967, por ocasião da comemoração do 250.º Aniversário do encontro milagroso da imagem,
ainda com o templo inacabado. O Papa Paulo VI ofertou à santa uma rosa de ouro, símbolo de amor e confiança pelas inúmeras bênçãos e graças por ela concedidas. A partir de 1950 já se pensava na construção de um novo templo mariano devido ao crescente número de romarias. O majestoso templo foi consagrado pelo Papa, após mais de vinte e cinco anos de construção, no dia 4 de julho de 1980, na primeira visita de João Paulo II ao Brasil.
".


Fonte: http://www.portaldafamilia.org/datas/criancas/diansra.shtml

Continuação dos vídeos dos alunos sobre Cultura e Identidade Cultural

Esse Vídeo foi apresentado pelos alunos do do 1º ano Médio com a intenção de abordar um pouco da Cultura do Rock:


Ainda na versão "trabalhos sobre rock", vem os meninos do 2º Ano com um vídeo sobre o Metal




Vídeo apresentado pelas alunas do 2 º Ano Médio sobre a cultura das Gueixas:


Claro que as minhas alunas do 2º Ano não poderiam deixar de falar do Cosplay...


O 3º Ano abordou a cultura da política brasileira... (CONTINUA)


quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Mulheres, somos livres ou vadias?

Não é de hoje que se culpam as mulheres por serem vítimas de violência sexual. ISSO MESMO... Somos violentadas, somos estupradas, somos forçadas a abrir as pernas e ter um estranho desumano em cima de nós e ainda LEVAMOS a culpa por isso!
No início desse ano (2011) em Toronto, Canadá, um policial durante uma palestra numa universidade disse para as alunas que se elas quisesses evitar o estupro não deveriam se vestir como VADIAS.
Agora deu! Quer dizer que se eu quiser usar um shortinho e sair assim na rua estou dizendo: homens de todos os lugares, venham me estuprar, sou uma ordinária!
Nenhuma mulher é estuprável! Esteja ela de burca, de vestes de freiras, de roupa social ou de mini saia. Nós temos o direito de usar a roupa que bem entendermos e andar em todos os locais sem o medo de sermos violentadas por isso. Até quando o mundo vai se basear em preceitos machistas?
Quer dizer que a roupa agora diz quem sou? Sou socióloga, mestranda, professora, cristã, sempre ajudo a quem posso, trabalho honestamente e só porque uso shortinhos sou uma VADIA que provoca os homens ao ponto de ser violentada sexualmente?
E a culpa dos estupradores onde fica? Se trata de homens racioanis. De seres que possuem o mecanismo do pensamento. Será que a culpa realmente é das mulheres que escolhem se vestir de forma sexy?
Queria ver se os homossexuais  (aqueles que você de cara não reconhece como homossexual) andassem em grupos de pelo menos 4 e quando vissem um homem sem camisa na rua o cercassem e o violentassem sexualmente, se a culpa ia ser do VADIO que tava sem camisa? Ou vocês acham que um homem sem camisa não desperta desejos nos homossexuais? Despertam sim. E nem por isso eles vivem violentando sexualmente os homens por aí...
A sociedade precisa mudar esses paradigmas hoje! Somos seres humanos, não objetos sexuais que qualquer um pode se sentir no direito de pegar a força e usar como bem quer.
Nós mulheres não podemos ser reconhecidas pela dicotomia SANTA x PUTA. Somos livres. Podemos nos vestir como quisermos, namorar quantos homens quisermos sem sermos chamadas de vadias por nossos atos.
Homens me respondam: vocês não podem ver uma mulher sexy sem querer avançar nela, fazer uso da força, espancá-la e violentá-la? Porque se a resposta for sim Deus não permita que eu tenha uma menina, pois a minha angústia toda vez que ela sair de casa vai acabar me matando.

Algumas fotos das várias "Marchas das Ordinárias, Vadias, seja lá o nome que nos dão diariamente":


(Não me toque)



quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Pais registram seu filho de Facebookson

Sinceramente quando vejo algo desse tipo me pergunto se sou socióloga. Isso porque mesmo depois de anos lendo sobre relações sociais, figurações, indivíduo e sociedade, etc, não consigo chegar a uma compreensão de fatos como esse.
O que leva um casal a registrar seu filho com o nome de Facebookson?
Será que eles não pensam que essa criança passará por todo um processo de interação social, que tecerá redes de sociabilidade, e que viverá numa sociedade onde o "ser diferente" culmina diversas vezes num processo cruel de estigmatização? Será que não pensam que esse menino pode passar por duros momentos de bulling no colégio?
Realmente eu não entendo! Se queriam uma homenagem, visto que foi através dessa rede social de relacionamento que eles se conheceram, existem outras formas.... sei lá faz uma tatoo com o nome FACEBOOK bem grande, mas expor seu filho a ser motivo de chacotas futuras me faz pensar na categoria família (pais) e nas suas decisões que nem sequer levam em consideração as possibilidades ruins que esse nome poderá trazer para essa criança.

Tecnologia

REFLETINDO...

Na fila do supermercado, o caixa diz uma senhora idosa:
- A senhora deveria trazer suas próprias sacolas para as compras, uma vez que sacos de plástico não são amigáveis ao meio ambiente.
A senhora pediu desculpas e disse:
- Não havia essa onda verde no meu tempo.
O empregado respondeu:
- Esse é exatamente o nosso problema hoje, minha senhora. Sua geração não se preocupou o suficiente com  nosso meio ambiente.
- Você está certo - responde a velha senhora - nossa geração não se preocupou adequadamente com o meio ambiente. Naquela época, as garrafas de leite, garrafas de refrigerante e cerveja eram devolvidos à loja. A loja mandava de volta para a fábrica, onde eram lavadas e esterilizadas antes de cada reuso, e eles, os fabricantes de bebidas, usavam as garrafas, umas tantas outras vezes.
- Realmente não nos preocupamos com o meio ambiente no nosso tempo. Subíamos as escadas, porque não havia escadas rolantes nas lojas e nos escritórios. Caminhamos até o comércio, ao invés de usar o nosso carro de 300 cavalos de potência a cada vez que precisamos ir a dois quarteirões.
Mas você está certo.
- Nós não nos preocupávamos com o meio ambiente. Até então, as fraldas de bebês eram lavadas, porque não havia fraldas descartáveis. Roupas secas: a secagem era feita por nós mesmos, não nestas máquinas bamboleantes de 220 volts. A energia solar e eólica é que realmente secavam nossas roupas. Os meninos pequenos usavam as roupas que tinham sido de seus irmãos mais velhos, e não roupas sempre novas.
Mas é verdade.
-  Não havia preocupação com o meio ambiente, naqueles dias. Naquela época só tínhamos  uma TV ou rádio em casa, e não uma TV em cada quarto. E a TV tinha uma tela do tamanho de um lenço, não um telão do tamanho de um estádio; que depois será descartado.
Na cozinha, tínhamos que bater tudo com as mãos porque não havia máquinas elétricas, que fazem tudo por nós. Quando embalávamos algo um pouco frágil para o correio, usávamos jornal amassado para protegê-lo, não plastico bolha ou pellets de plástico que duram cinco séculos para começar a degradar. Naqueles tempos não se usava um motor a gasolina apenas para cortar a grama, era utilizado um cortador de grama que exigia músculos. O exercício era extraordinário, e não precisava ir a uma academia e usar esteiras que também funcionam a eletricidade.
Mas você tem razão.
- Não havia naquela época preocupação com o meio ambiente. Bebíamos diretamente da fonte, quando estávamos com sede, em vez de usar copos plásticos e garrafas pet que agora lotam os oceanos. Canetas: recarregávamos com tinta umas tantas vezes ao invés de comprar uma outra. Abandonamos as navalhas, ao invés de jogar fora todos os aparelhos 'descartáveis' e poluentes só porque a lámina ficou sem corte.
Na verdade, tivemos uma onda verde naquela época. Naqueles dias, as pessoas tomavam o bonde ou ônibus e os meninos iam em suas bicicletas ou a pé para a escola, ao invés de usar a mãe como um serviço de táxi 24 horas. Tínhamos só  uma tomada em cada quarto, e não um quadro de tomadas em cada parede para alimentar uma dúzia de aparelhos. E nós não precisávamos de um GPS para receber sinais de satélites a milhas de distância no espaço, só para encontrar a pizzaria mais próxima.
Então, não é risível que a atual geração fale tanto em meio ambiente, mas não quer abrir mão de nada e não pensa em viver um pouco como na minha época?
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Há um bom tempo, nossa sociedade é fascinada com as conquistas da tecnologia. Por isso, costumam exaltar acriticamente os avanços dela, parecendo acreditar que a qualidade e o futuro da vida social dependem exclusivamente disso. Entretanto, a tecnologia também apresenta conseqüências negativas tanto para o indivíduo como para a sociedade, inclusive porque influi de modo decisivo no próprio processo de socialização. Vivemos este estranho paradoxo. Por um lado, temos cada vez mais tecnologias, o que em princípio é bom, pois poder fazer mais com menos esforço faz bastante sentido. No entanto, nos sentimos cada vez mais ameaçados. Os mesmos avanços técnicos que nos permitem colocar um satélite na lua e produzir carros robóticos que geram destruição ambiental, exclusão econômica e sistemas eletrônicos de invasão de privacidade cada vez mais angustiantes.
Vocês sabiam que já existe pesquisas para desenvolver um leitor de pensamentos? Imaginem o que isso seria capaz de fazer? A nossa cabeça é o único local onde ninguém consegue entrar. Se estivermos num quarto de portas fechadas alguém pode arrombar e invadir nossa privacidade, mas na nossa cabeça ninguém consegue entrar. Imaginem depois dessa invenção? Não vamos ter liberdade de garantir nossa privacidade nem no fórum mais íntimo que é nossos pensamentos.
Será que a tecnologia é a culpada? Milhões de pesquisadores no mundo buscam formas mais eficientes de atingirmos os nossos fins, e esta competência demonstrada por tantos cientistas constitui um fator de progresso.
Mas esses fins são os fins de quem?  Extrair petróleo rapidamente do subsolo é bom? Ele se acumulou durante centena de milhões de anos e o teremos esgotado em menos de 200. Por isso existem pesquisas para fazer outras formas de combustíveis. O problema não está nas tecnologias, mas em quem delas se apropria.
O poder das tecnologias modernas exige muito mais responsabilidade de quem as usa. A força do capital/dinheiro geralmente leva a se tirar proveitos da tecnologia para a dominação, por exemplo, os avanços da ciência se transformando em armas de alto poder destrutivo. Vocês já assistiram o filme Homem de Ferro? Que tal pensar através desse filme a relação tecnologia X finalidades humanas?

terça-feira, 4 de outubro de 2011

(Uma longa construção) Vídeos dos alunos sobre Identidade Cultural

Depois de vermos a questão da Cultura, a Diversidade Cultural, O Etnocentrismo e as Identidades Culturais, eis os trabalhos dos meus caros alunos de Sociologia e Filosofia do 3º Ano....


Esse próximo vídeo também realizado por alunos do 3º Ano diz respeito a identidade Hippie:

Continua...