quinta-feira, 29 de novembro de 2012

FLORESTAN FERNANDES e DARCY RIBEIRO

Florestan Fernandes escreveu A integração do negro na sociedade de classes em 1965, onde mostrou as dificuldades da integração dos negros recém-libertos na sociedade capitalista agrária que se consolidava no Brasil. Para este autor, o processo histórico de nascimento da sociedade de classes gerou a exclusão social para os negros, uma vez que estes foram excluídos dos trabalhos nos comércios, ficando com os cargos dos trabalhos pesados e mal remunerados, além da competição com a mão-de-obra dos imigrantes que terminou por eliminar de vez os "bons" trabalhos para os negros.
(Darcy Ribeiro 1922-1997): Antropólogo, escritor, senador e ministro da Educação. No início de sua carreira dedicou-se ao estudo dos índios no pantanal e na Amazônia. Criou o Parque Indígena do Xingu e fundou o Museu do índio. Foi exilado durante o golpe em 1964, e fora do Brasil conduziu programas de reforma universitária em vários países da América Latina. Dentre suas várias obras, temos Aos trancos e barrancos como uma obra de grande importância, pois nela Ribeiro faz um retrospecto crítico da história brasileira até 1980:

PODER

Outro tema que trabalhamos em sala de aula foi o poder na perspectiva de Michel Foucault. Analisamos basicamente o que ele pretendeu realizar na sua obra Vigiar e Punir. Vimos que ele buscou fazer uma história do poder de punir através da história da prisão. Nesse livro, Foucault começa abordando a penalidade do suplício (as mil mortes) que corresponde a morte em partes, onde o criminoso vai sendo torturado até a morte.
Nessa punição, Foucault afirma que o que prevalecia não era a justiça, mas a autoridade do rei, que querendo mostrar o seu poder, mandava torturar aqueles que desobedeciam suas leis e normas. No entanto, houve a necessidade de humanizar tais punições, uma vez que elas não atingiam apenas o corpo físico do condenado, mas acabava fazendo sofrer seus familiares (lembremos de Maria que acompanhou a tortura de Jesus Cristo), e também estavam invertendo os papéis: o carrasco estava virando o cruel da história ao realizar as torturas, e o criminoso estava sendo alvo de compaixão e piedade. Assim sendo, foi colocado no cenário das punições a prisão como sendo o centro dos castigos que visava agora a alma do criminoso e não mais o corpo físico em si. A penalidade girava em torno da privação da liberdade, das relações sexuais, da má alimentação e dos castigos como ficar no isolamento. Os crimes mais hediondos, permaneceram com a penalidade de morte, mas agora de forma mais humanizada, sem tanto sofrimento, passou a ser uma única morte: a decapitação.
Foucault também afirmou nessa obra que as prisões tinham dois objetivos: Tornar os indivíduos dóceis e úteis, e humanizar as penas. Para ele a história da prisão fracassou porque esses objetivos não conseguiram ser alcançados. Ele analisa o modelo panóptico (modelo das prisões que têm uma torre no centro onde ficam os guardas vigiando as celas que estão ao redor, assim os guardas podem observar os presos, mas estes não podem ver os guardas. Assim, os presos se disciplinam com medo das punições, ao ponto de chegar o momento onde não se colocavam mais guardas nas torres, mas os presos se comportavam do mesmo jeito por acreditarem que existia alguém lá os vigiando.
Dessa análise Foucault tira que tal modelo não se restringe às prisões, mas ideologicamente extrapola esses muros e aborda toda a sociedade, afinal, para ele vivemos em um mundo panóptico onde todos se disciplinam porque são vigiados - mesmo sem a presença de um policial - ao mesmo tempo que vigiam todos!

CONFIANÇA

O que é interessante vocês (alunos) saberem para a prova é que a confiança que trabalhamos em sala de aula é um conceito do sociólogo Anthony Giddens. Este autor fala de alguns tipos de confiança, entre eles: A confiança na primeira infância > quando temos o contato pela primeira vez com a confiança, esta nos é introduzida por nossos pais, afinal aprendemos a confiar neles cegamente quando pequenos ao ponto de nos jogarem no ar e nós não nos assustarmos porque confiamos que eles irão nos segurar;
A confiança nas relações amorosas > esta se dá durante a relação amorosa, porém sempre a nível de cálculo, uma vez que estamos confiando no outro, mas sabemos que existe o risco dessa confiança ser quebrada (traição). Todavia, mesmo que a confiança seja quebrada e a relação acabe, não significa que tal tipo de confiança não possa ser adquirida em outro relacionamento, afinal, podemos em outro momento confiar em um novo amor. Se o relacionamento não acabar, a confiança existente nessa relação fica abalada, ao ponto de um dos indivíduos viver sob constante vigilância;
A confiança na amizade > esta corresponde ao depósito de uma fé no outro, numa expectativa de que tal confiança nunca irá ser quebrada. Quando acontece a quebra da confiança na amizade, nunca mais a pessoa retorna a confiar do mesmo modo em outro amigo (para contar tudo);
A confiança nos sistemas peritos > esses sistemas são criados por especialistas, por conhecimento técnico. Confiamos neles, pois não temos conhecimento sobre todas as esferas da vida (não conhecemos ao mesmo tempo a química industrial, a construção civil, a medicina, enfim, todas as áreas especializadas) e sendo assim é necessário acreditar que quem fez, por exemplo o avião, sabia muito bem o que estava fazendo e este por sua vez é seguro, pois foi um especialista que fez, logo, não vai cair.