domingo, 15 de abril de 2012

AULA SOBRE THOMAS HOBBES

Vamos ver a partir de agora os pensadores denominados de "contratualistas" iniciando por Thomas Hobbes, famoso autor da obra "Leviatã".
 (Thomas Hobbes, 1588-1679)

Thomas Hobbes era inglês, nasceu no século XVI, mas precisamente em 1588. Em sua vida ele adquiriu um vasto repertório intelectual, pois conviveu com Francis Bacon (no período em que foi secretário pessoal dele durante alguns anos), com Galileu Galilei e com René Descartes, todos importantes pensadores que contribuíram para o desenvolvimento do seu pensamento que gira em torno da defesa do Estado Absolutista (poder total aos Estado).
Assim como Maquiavel, Hobbes não acreditava que os homens possuíam uma natureza boa. Ao contrário, ele também achava que a natureza dos homens por essência era má. Para Hobbes o homem tinha a natureza insocial, era egoísta, tramava para conseguir realizar seus desejos e satisfazer suas paixões. Tanto é que ele chegou a afirmar que "hominis lupus hominis", ou seja, "o homem é o lobo do homem".

(O lobo é um aninal que destrói sua caça e que luta com seus semelhantes para garantir o seu.
Segundo Hobbes, nossa natureza nos leva à semelhança com esse animal, pois nós nos destruímos, nos caçamos, nos despedaçamos, tudo só para satisfazer nossas vontades.)

Algumas imagens atuais para nos ajudar a entender essa célebre frase de Hobbes:

 (Atentato do 11 de Setembro - EUA)

(Pessoas disputando o alimento no Haiti)


O estado de natureza seria aquele estado onde não há regras, leis, onde se faria o império da lei do mais forte. Entretanto, Hobbes nos diz que viver num estado desses é viver em constante medo, vigilância, desconfiança, mas em total liberdade. Porém, essa liberdade de todos acaba gerando a liberdade de ninguém, pois todos viveriam tramando, maquinando armadilhas, se protegendo do outro. Para que isso terminasse, para que a guerra de todos contra todos chegasse a um fim, foi preciso fazer um “contrato social” que premitisse os homens viverem em sociedade. Nessa condição,  os indivíduoas deveriam ceder parcela de seus direitos, como o direito de punir (ius puniendi) ao Estado, que detém o monopólio institucional da justiça, e ao ceder sua liberdade total receberiam em contrapartida, a segurança pública e a garantia de seus direitos. Desta forma Hobbes procura definir o Estado organizado como um paradigma, como o Leviatã, autoridade inquestionável que imporia a ordem e a justiça para o homem social.

(Leviatã é um terrível monstro marinho citado na Bíblia, não havendo na Terra nenhum ser que a ele se compare em força, poder e sabedoria, curvando-se, então, todas as criaturas à sua imensidão. Com a escolha desse personagem bíblico, Hobbes pretende sublinhar o poder absoluto do Estado sobre os homens.)

AULA SOBRE NICOLAU MAQUIAVEL















Hoje conheceremos o "fundador" do pensamento e da ciência política moderna, o famosíssimo Nicolau Maquiavel cujas obras muito me agradam (como O Príncipe).


 (Nicolau Maquiavel, 1469-1527)

Maquiavel nasceu em Florença (Itália), foi músico, diplomata, poeta e historiador.

"Niccolò di Bernardo dei Machiavelli viveu a juventude sob o esplendor político da República Florentina durante o governo de Lourenço de Médici e entrou para a política aos 29 anos de idade no cargo de Secretário da Segunda Chancelaria. Nesse cargo, Maquiavel observou o comportamento de grandes nomes da época e a partir dessa experiência retirou alguns postulados para sua obra. Depois de servir em Florença durante catorze anos foi afastado e escreveu suas principais obras. Conseguiu também algumas missões de pequena importância, mas jamais voltou ao seu antigo posto como desejava." (Fonte: Wikipédia)

Sua grande contribuição para o estudo do Estado e do governo foi descrever seus funcionamentos como realmente são e não como ideologia, ou seja, como deveria ser.
 Maquiavel introduziu na História um manual de como governar, mostrando como um príncipe deveria se comportar, pensar, agir em determinados momentos e se portar diante dos seus súditos.
(Escrito em 1513 e publicado em 1532. Reza a lenda que Maquiavel escreveu a ilustríssima obra "O Príncipe" para ganhar algum dinheiro dos Médici, pois sua situação não estava mais confortável economicamente.)

 Esse autor de "O Príncipe", adota uma perspectiva bastante diferente ao separar o campo da polítca do campo da ética, ou seja, separa a política do cristianismo. Podemos dizer que até os dias atuais, esse livro traz lições importantíssimas que são revisistadas e estudadas como guia para se governar uma nação e se manter no poder, afinal, para Maquiavel a finalidade da política é essa: a manutenção do poder!
Algumas interpretações dos textos de Maquiavel o fizeram parecer astucioso, maldoso, sem ética, o que fez surgir o termo maquiavélico como designação de algo tramado, ruim. Talvez esse termo tenha surgido porque ele tentou ao máximo buscar um realismo da situação em que estava inserido naquele momento na Itália colocando em um movimento teórico essa separação do cristianismo da vida política e as "tarefas" que um governante (príncipe) deveria ter em mente para realizar se desejasse se manter no poder.
 (Estátua de Maquiavel
na Galleria degli Uffizi,Florença.)


Outro ponto interessante em Maquiavel e que veremos mais tarde ao estudarmos Thomas Hobbes é que a natureza dos homens é essencialmente má. Para Maquiavel, os seres humanos desejam ter os máximos de ganhos sem fazer esforço algum, só realizando esforços se assim fossem obrigados. Essa natureza humana seria imutável, desse modo, os homens seriam egoístas, caprichosos, ambicioses, dissimulados, ingratos, interesseiros e volúveis, sempre.

Ele considera que  o uso da violência por parte do Estado/Governante é justificável, pois seria "melhor ser temido que amado", afinal, o príncipe não pode crer que o amor dos súditos dure para sempre, uma vez que o amor só perdura enquanto as vontades dos súditos estiverem sendo realizadas.
Algumas manobras que Maquiavel escreve em O Príncipe são bem interessantes, como:
"Dai aos súditos pão e circo, e desse modo poderás garantir mais tempo no poder".

Maquiavel possui um conceito de virtude (virtú) que podemos entender como o exercício de conservação do poderm significando precisamente a competência do governante para enfrentar as mais diversas situações buscando sempre a superação das mesmas através de aplicação das estratégias adequadas
 (Túmulo de Maquiavel na Basílica de Santa Cruz)


Quando ele diz que "governar é fazer acreditar" não nos lembra alguma coisa de muito familiar?

OBS: Quero que vocês pesquisem e respondam nos comentários a seguinte questão:
Por que Nicolau Maquiavel utiliza as metáforas do leão e da raposa para ensinar a virtú ao príncipe?